Saturday, February 16, 2008

O PENSAMENTO DOS OUTROS: ANTÓNIO SÉRGIO

"Pressinto – ó irmão mais novo e aventureiro! – a viagem de descobrimento que tentarás. Sejas tu feliz na tua audácia: inspire-te a profundeza das águas límpidas, possas levar teu barco onde eu não fui! Que nada te imobilize nem detenha; nada: nem mesmo as tuas mesmas conclusões. Lembra-te de que a característica da Razão humana é o pleno à-vontade e o sorriso cândido diante das próprias coisas que ela faz, diante dos próprios rumos que ela traça, - pois sabe-se que a inteligência se não esgota em nenhuma das obras que produz; que ela a si mesma se não adora, mas sim que se observa e que se corrige, que desconfia de si e que ironiza, resignada a ressentir o mesmo anseio e a interrogar de novo o mar e os astros, - pronta a repassar, de velas côncovas, pela monotonia desolada das mesmas desoladas solidões...
Se és dos seus filhos, larga pois: a rosa dos ventos desabrocha as pétalas, rumos triunfais se abrirão para ti. Desmodorra, zarpa, arranca, dispara pelo azul o voo rápido, galga por sobre a onda... e sê libérrimo. Sim: um espírito livre. Não digo que o faças como um romântico, e posturando para ti como um herói: e sim que o sejas humildemente, concentrado, cheio de sensatez e senhor de ti: mas sempre pesquisador, sempre avançando, - e sempre livre.”

Friday, February 15, 2008

FOTOPOEMA: NUMA PALAVRA

Foto de JAL

TEMPO DE PARTIDA: LUIS RALHA



Luis Ralha. Pintor. Homem de convicções e postura amena, que não menor firmeza. Deixou-nos no dia 6 de Fevereiro de 2008. Fica esta imagem da última intervenção do Mestre em coperação com professores e centenas de alunos no âmbito do projecto internacional pela Paz "Kids Guernica", organizado pela AMRS, no jardim do Bonfim em Setúbal. Um abraço eterno. arlindo mota

CERTIFICADOS DE AFORRO: TIRAR AOS POBRES...

Alice e os pais, pequenos aforradores, face às perspectivas apocalípticas sobre a diminuição das reformas e os encargos com o ensino dos filhos, haviam investido em certificados de aforro as suas parcas poupanças. Eis senão quando o Estado resolve, de uma penada, diminuir, com carácter retroactivo, os juros com que se havia comprometido. Será possível um Estado democrático mudar as regras do jogo a meio do mesmo pela calada de um decreto-lei? Se não violar mais nada pelo menos viola-se a si próprio – indigna-se Alice - descredibilizando-se e penalizando uma vez mais os mais débeis economicamente. Veio-lhe então à cabeça se este gesto do Ministério das Finanças não teria sido guiado pela intenção de canalizar para os bancos, em resultado da instável situação bolsista e dinheiro mal aplicado, pois que estariam com dificuldades de liquidez. Ou seja, ajudar mais uma vez o tão proclamado e virtuoso mercado…