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Thursday, June 25, 2009
CAMINHOS AGRÍCOLAS PARTICULARES: POIS ENTÃO NÃO...
Tendo vivido grande parte das suas férias de infância e juventude naqueles lugares, onde não ia por razões pessoais há alguns anos, tentou refazer antigos caminhos de várias décadas e sentiu-se aturdida: ali era uma escavadora que impedia o acesso, além um portão. Então e o direito de passagem adquirido, como se diz na gíria do direito, por usucapião? Até, reparando na tabuleta que, de forma visível, lá estava incrustada “Caminho Agrícola Particular - Acesso Reservado nos termos dos artigos tais e tais do Código Civil”. Atónita, pois por ali sempre tinha passado a pé e de carro sem problemas, apurou a vista para tentar identificar os “agricultores” e o que via, claramente visto, era o surgimento de casas em madeira imitando as antigas cabanas que as gentes pobres, mas não despidas de gosto pela arquitectura, haviam erguido, rodeadas por vegetação, constituída por “espécies autóctones” importadas de outras bandas a peso de ouro. Ou seja, estava perante uma clara obra de promoção turístico-imobiliária de residência secundária. Os habitantes, aliciados pela força do dinheiro, eles que antes do 25 de Abril não podiam construir casa em alvenaria para não alcançarem direitos que decorrem do uso e do decurso do tempo, e por isso deram azo à sua imaginação e da pobreza criaram, com as suas mãos de artista e materiais pobres, as belas cabanas que agora os ricos copiavam, dando-lhe uns pequenos retoques e ademanes que o dinheiro sempre permite, onde estavam agora? Pois simplesmente já não estavam: uns haviam demandado a vila do Carvalhal, pequena para tanta procura, outros dirigiram-se para o pólo urbano mais perto e mais barato: Grândola.
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