Monday, January 21, 2008

FORMAS DE OLHAR: A ESCULTURA DE CELESTINO MOREIRA


Olhar que pára, caminhando campos verdes, que apalpa cada forma caída pelo chão dormindo sono eterno e o devolve à vida transformando-a noutra, nascida dum desejo: troncos, raízes, braços erguidos feitos pássaros ou doces ninfas,
a terra, de novo a palpitar em cada forma.

Antonieta Vilhena

Na Biblioteca Municipal de Palmela mais uma exposição de CELESTINO MOREIRA, escultor que aprendeu ao caminhar entre montanhas o valor das formas e aí para sempre se prendeu. O canivete passou a ter novas funções e a caminhada outros encantos. Mais tarde, já feitos os setenta, frequentou durante dois anos uma oficina de mármore em Pero Pinheiro. O escultor descobria novos materiais e novas alegrias. Escultor e poetisa (marido e mulher) exemplos humanos de amizade e talento de que Setúbal se deve orgulhar. Arlindo Mota

ALICE, IMPREVISTAMENTE, COROU!

Alice, nesta semana húmida de Janeiro, em que os hospitais se encheram de gripes desfasadas no tempo, debate-se com a falta de acontecimentos novos, enfim de falta de assunto. Durante as Festas ainda se encontrava aquela receita de peru, o cantar das Janeiras ou a divulgação de uma “nobre” tradição de uma aldeia portuguesa que iniciavam os miúdos a fumar com tenra idade, uma vez por ano... Mas nesta semana em que em que o mês vai a meio, falar do quê, do caso político-imoral do BCP (todos os jornais falaram); da política de saúde (mas isso até o Presidente da República usou na mensagem de ano novo); do inefável chefe da ASAE a fumar charuto na passagem do ano no Casino Estoril, dia em que entrava em vigor a lei anti-tabágica de que a instituição que dirige é uma das fiscalizadoras; do referendo ao Tratado Europeu que o actual primeiro-ministro se comprometera a referendar (mas então as pessoas não viam que o actual tratado não era igual à defunta Constituição Europeia que, essa sim, fora objecto de promessa; além de que, como afirmaram algumas vozes, referendar um texto tão hermético, o povo ia lá entender isso...) Sobre o inevitável Vara ir para Vice-Presidente do BCP então nem era bom falar (se ele fora proposto é porque tinha currículo...) Para não falar da escolha de Alcochete para localização do futuro Aeroporto de Lisboa, apesar dos milhões gastos em estudos para justificar a OTA e as histórico-anedóticas intervenções do ministro Mário Lino... Ou a guilhotina sobre os pequenos partidos e movimentos de cidadãos, com a aprovação de uma Lei das Autarquias Locais que viola claramente o princípio da representação proporcional...
Assim, sem assunto, Alice teve tempo para dar uma vista de olhos pelo Código de Ética dos Empresários e Gestores Cristãos pois algumas dúvidas axiológicas lhe haviam suscitado os actos protagonizados pelos gestores do BCP que, a ser verdade a sua nunca desmentida ligação à Opus Dei, deveriam agir pelos valores desta cartilha.
Lendo com atenção o dito documento, estranhamente parecia ter sido elaborado depois de serem conhecidos alguns dos perturbadores factos que ultimamente vieram a lume no maior banco privado português, o que como sabemos não é verdade, mas lá que parece, parece... Senão vejamos, a título de exemplo, duas ou três prescrições: “Deve evitar-se todas as formas de abuso de poder, bem como o seu aproveitamento para benefício pessoal, de familiares ou de outras entidades exteriores à empresa”
“Cumprir com respeito as leis do país”
Respeitar os sãos princípios da economia de mercado, na compra e ou venda,, como nos investimentos a realizar, evitando todas as práticas que tendam a falsear o processo económico” etc...;
Obviamente que Alice também não se surpreendeu quando veio a lume o acordo de rescisão do ex-presidente do BCP, Paulo Teixeira Pinto: 2 milhões de contos (a pronto) e um ordenado mensal (de modo vitalício) a título de reforma no valor de mais de 8 000 contos por mês, conforme divulgou o insuspeito Semanário Económico. Não se surpreendeu, mas lá que corou, corou!

Sunday, January 6, 2008

LUIZ PACHECO: PORQUE SAÚDO A MANHÃ...


Encontrámo-nos meia dúzia de vezes, separados pelo tempo e pela geografia: primeiro na "Estampa", nos finais da década de 60, quando integrava a equipa dos amigos Manso Pinheiro que haviam adquirido a editora e Luiz Pacheco era um dos seus autores. Mais tarde em Setúbal, nos idos de 80, já o tempo havia cavado fundo na energia e capacidade criativa de LP, mesmo assim sempre de língua afiada para os que arvoravam a hipocrisia como sua matriz. Depois fui acompanhando as entrevistas que foram sendo publicadas e que eram a sua "prova de vida". Viveu o tempo suficiente para saber que o seu talento fora reconhecido. Morreu hoje: Com ele morreu muito do pouco que resta de uma certa maneira de fazer literatura, de que terá sido o seu principal representante , em que a vida se confundia com a própria arte da escrita. Até sempre Luiz Pacheco. apm

"Ora deixem-me que lhes diga: um cadáver não nunca tem terá razão, mesmo que a tivesse tido antes. Um estúpido um cobardola é para rir e chorar, porque a estupidez e o medo não têm medida. Um patareco dá-se-lhe um pontapé no cu, um parasita esborracha-se por nojo e a um folião fazemos notar que não lhe achamos graça nenhuma. E fugi dos trustados e falhados que é a malta mais tratante e castradora que existe. Mas um bebé! uma rapariga com um filho ao colo! os bambinos em volta! são os bichos mais exigentes e precisados de tudo. E há que lhes dar tudo. Eis, senhores, porque saúdo a manhã e faço gosto em a ver inda uma vez, eis porque a pardalada me incita. (...) Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sereis, se as praticardes." Luiz Pacheco in A COMUNIDADE

Friday, January 4, 2008

PENSAMENTOS DOS OUTROS: MARCO AURÉLIO

"Venera a faculdade de emitir opiniões. (...) É ela que garante a ausência de precipitação, as boas relações com os homens e o acordo dos Deuses."
"Recorda-te que cada um só vive o presente, este infinitamente pequeno. O resto, ou já se viveu ou é incerto. Mínimo é pois o instante que cada um vive, mínimo o canto onde vive, mínima também a máxima das glórias póstumas. Estas devem-se apenas à sucessão destes pigmeus que mal nscem morrem, sem se conhecerem a si próprios, bem longe pois de conhecerem alguém morto há muito tempo."
Marco Aurélio "PENSAMENTOS PARA MIM PRÓPRIO"