Monday, January 21, 2008

ALICE, IMPREVISTAMENTE, COROU!

Alice, nesta semana húmida de Janeiro, em que os hospitais se encheram de gripes desfasadas no tempo, debate-se com a falta de acontecimentos novos, enfim de falta de assunto. Durante as Festas ainda se encontrava aquela receita de peru, o cantar das Janeiras ou a divulgação de uma “nobre” tradição de uma aldeia portuguesa que iniciavam os miúdos a fumar com tenra idade, uma vez por ano... Mas nesta semana em que em que o mês vai a meio, falar do quê, do caso político-imoral do BCP (todos os jornais falaram); da política de saúde (mas isso até o Presidente da República usou na mensagem de ano novo); do inefável chefe da ASAE a fumar charuto na passagem do ano no Casino Estoril, dia em que entrava em vigor a lei anti-tabágica de que a instituição que dirige é uma das fiscalizadoras; do referendo ao Tratado Europeu que o actual primeiro-ministro se comprometera a referendar (mas então as pessoas não viam que o actual tratado não era igual à defunta Constituição Europeia que, essa sim, fora objecto de promessa; além de que, como afirmaram algumas vozes, referendar um texto tão hermético, o povo ia lá entender isso...) Sobre o inevitável Vara ir para Vice-Presidente do BCP então nem era bom falar (se ele fora proposto é porque tinha currículo...) Para não falar da escolha de Alcochete para localização do futuro Aeroporto de Lisboa, apesar dos milhões gastos em estudos para justificar a OTA e as histórico-anedóticas intervenções do ministro Mário Lino... Ou a guilhotina sobre os pequenos partidos e movimentos de cidadãos, com a aprovação de uma Lei das Autarquias Locais que viola claramente o princípio da representação proporcional...
Assim, sem assunto, Alice teve tempo para dar uma vista de olhos pelo Código de Ética dos Empresários e Gestores Cristãos pois algumas dúvidas axiológicas lhe haviam suscitado os actos protagonizados pelos gestores do BCP que, a ser verdade a sua nunca desmentida ligação à Opus Dei, deveriam agir pelos valores desta cartilha.
Lendo com atenção o dito documento, estranhamente parecia ter sido elaborado depois de serem conhecidos alguns dos perturbadores factos que ultimamente vieram a lume no maior banco privado português, o que como sabemos não é verdade, mas lá que parece, parece... Senão vejamos, a título de exemplo, duas ou três prescrições: “Deve evitar-se todas as formas de abuso de poder, bem como o seu aproveitamento para benefício pessoal, de familiares ou de outras entidades exteriores à empresa”
“Cumprir com respeito as leis do país”
Respeitar os sãos princípios da economia de mercado, na compra e ou venda,, como nos investimentos a realizar, evitando todas as práticas que tendam a falsear o processo económico” etc...;
Obviamente que Alice também não se surpreendeu quando veio a lume o acordo de rescisão do ex-presidente do BCP, Paulo Teixeira Pinto: 2 milhões de contos (a pronto) e um ordenado mensal (de modo vitalício) a título de reforma no valor de mais de 8 000 contos por mês, conforme divulgou o insuspeito Semanário Económico. Não se surpreendeu, mas lá que corou, corou!

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