Saturday, November 22, 2008

VASOS CAPILARES: O PATRIOTA E O BANQUEIRO

Ambrose Bierse escreveu há muitos anos as Fábulas Fantásticas de onde seleccionei, adaptando, esta, que mostra com o sarcasmo próprio do autor,essa horrível comédia que é a promiscuidade entre a política, os negócios e o enriquecimento ilcíto:
"Um Patriota, que entrara pobre ao assumir as suas funções públicas e se cobrira de riquezas, foi a um Banco para abrir uma conta.
-Com todo o prazer- disse o Honesto Banqueiro-Sentimo-nos muito felizes por tratar com Vossa Excelência. Mas antes disso, terá de se tornar um honesto cidadão, devolvendo o que roubou ao Governo.
-Por amor de deus- gritou o Patriota- Se eu fizesse isso, nada me ficaria para depositar no vosso Banco.
-Não sei porquê -replicou o Honesto Banqueiro- Nós não somos todo o povo.
- Ah, compreendo: Em quanto calcula o senhor os prejuízos sofridos por este Banco em relação aos danos que infligi ao meu país?
- Cerca de um Euro- respondeu o Honesto Banqueiro.
E, com toda a dignidade, descontou essa importância no depósito do Patriota, com a consciência de bem servir a Patria.
Patriotas e Banqueiros, como os tempos recentes (e não apenas a Lusoponte, a Mota Engil, o BPN têm mostrado) continuam de mãos dadas...

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