Thursday, August 28, 2008

PARÁBOLA: O DUQUE E O CARPINTEIRO

Em tempos idos, um poderoso nobre encontrava-se a ler, no seu sumptuoso salão, enquanto no terreiro um carpinteiro ia tranquilamenteafeiçoando uma roda. Inesperadamente, poisando o martelo e o formão, dirige-se ao Duque indagando sobre o livro que estava a ler: "Um livro que contém o pensamento dos Sábios", respondeu aquele, complacente.
"E os Sábios estão vivos?" insistiu o carpinteiro. "Não, já morreram", respondeu o Duque. "Nesse caso, retomou o carpinteiro, o que estais a ler não passa da borra e espuma dos homens desaparecidos".
"Como ousas, carpinteiro, apontar defeitos ao livro que estou a ler? Se conseguires justificar a tua afirmação, poupar-te-ei, caso contrário, morrerás!"- retorquiu o duque, entre o irado e o curioso.
"Como carpinteiro, replicou o homem sem se perturbar, eis como vejo as coisas: Quando faço uma roda, se o golpe é demasiado lento, será profundo; se o o golpe for escessivamente rápido, será firme mas não profundo. O ritmo justo, nem demasiado lento, nem demasiado rápido, só se pode sentir na mão que afeiçoa, se nos vier do coração."
Desconhecemos, por supérfluo, o destino do carpinteiro, mas reencontramos em Saint Exupéry o sentido da parábola: o essencial é invisível para os olhos...

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