Saturday, February 20, 2010

TRAÇADO OBLÍQUO


TEMPO DE PARTIDA


A terra é fresca, entumecida,
O fruto escasseia ou está ausente,
Aproxima-se o tempo de partida.

Que nada impeça
O traçado oblíquo da razão,
Nem o riso da criança,
Nem a ternura de irmão.

Percorrida em traços largos,
Ao sabor do vento forte,
Por entre o Sul e o Norte,
Da minha imaginação.

Nela encontro o que procuro.



arlindo mota

Monday, February 15, 2010

Celtic Woman - the Voice

Celtic Woman - the Voice

Wednesday, September 16, 2009

Thursday, June 25, 2009

CAMINHOS AGRÍCOLAS PARTICULARES: POIS ENTÃO NÃO...

Tendo vivido grande parte das suas férias de infância e juventude naqueles lugares, onde não ia por razões pessoais há alguns anos, tentou refazer antigos caminhos de várias décadas e sentiu-se aturdida: ali era uma escavadora que impedia o acesso, além um portão. Então e o direito de passagem adquirido, como se diz na gíria do direito, por usucapião? Até, reparando na tabuleta que, de forma visível, lá estava incrustada “Caminho Agrícola Particular - Acesso Reservado nos termos dos artigos tais e tais do Código Civil”. Atónita, pois por ali sempre tinha passado a pé e de carro sem problemas, apurou a vista para tentar identificar os “agricultores” e o que via, claramente visto, era o surgimento de casas em madeira imitando as antigas cabanas que as gentes pobres, mas não despidas de gosto pela arquitectura, haviam erguido, rodeadas por vegetação, constituída por “espécies autóctones” importadas de outras bandas a peso de ouro. Ou seja, estava perante uma clara obra de promoção turístico-imobiliária de residência secundária. Os habitantes, aliciados pela força do dinheiro, eles que antes do 25 de Abril não podiam construir casa em alvenaria para não alcançarem direitos que decorrem do uso e do decurso do tempo, e por isso deram azo à sua imaginação e da pobreza criaram, com as suas mãos de artista e materiais pobres, as belas cabanas que agora os ricos copiavam, dando-lhe uns pequenos retoques e ademanes que o dinheiro sempre permite, onde estavam agora? Pois simplesmente já não estavam: uns haviam demandado a vila do Carvalhal, pequena para tanta procura, outros dirigiram-se para o pólo urbano mais perto e mais barato: Grândola.


Foto: apm

Tuesday, June 9, 2009

SINAIS DOS TEMPOS

País curioso este, que julga tudo resolver mediante leis e ignora ou pretende ignorar a realidade que entra pelos olhos dentro: os jovens de hoje (na generalidade) não olham a escola como um lugar de saber e de promoção social (é uma seca!...), e a sociedade olha-os tão só como consumidores: senão como podíamos assistir ao baptismo de uma nova rede de telecomunicações (de uma empresa que até há pouco beneficiava de uma aura de seriedade como são os CTT) com o nome de phone-ix , a não ser para ganhar dinheiro fácil à custa da exploração do que de menos nobre tem o ser humano, e isto para não falar de uma campanha abjecta, que deveria não ser censurada (palavra que o 25 de Abril baniu), mas repudiada socialmente pelo seu baixo nível, grau de idiotia e erro de paralaxe intelectual, que passou inclusive pelas nossas televisões e que poderemos ainda sentir a náusea em www.peidos.com, toques para serem descarregadas para telemóvel! Contra isto que pode a escola ou a família fazer?

Tuesday, May 5, 2009

Bajo el cielo de paris, acordeon, Rogelio

Calou-se o acordeon do Dimas. Já se sabia que um dia aconteceria. Foi ontem. Obrigado pelo convívio e pela generosidade sem fronteiras, apesar das convicções bem firmadas. Companheiro, camarada, amigo.

Sunday, May 3, 2009

OS JOVENS, A ESCOLA, A SOCIEDADE

Anuncia-se mais uma medida: a extensão da escolaridade até ao 12.º ano. País curioso este, que julga tudo resolver mediante leis e ignora ou pretende ignorar a realidade que entra pelos olhos dentro: os jovens de hoje (na generalidade) não olham a escola como um lugar de saber e de promoção social (é uma seca!...), e a sociedade olha-os tão só como consumidores: senão como podíamos assistir ao baptismo de uma nova rede de telecomunicações (de uma empresa que até há pouco beneficiava de uma aura de seriedade como são os CTT) com o nome de phone-ix , a não ser para ganhar dinheiro fácil à custa da exploração do que de menos nobre tem o ser humano, e isto para não falar de uma campanha abjecta, que deveria não ser censurada (palavra que o 25 de Abril baniu), mas repudiada socialmente pelo seu baixo nível, grau de idiotia e erro de paralaxe intelectual, que passou inclusive pelas nossas televisões e que poderemos ainda sentir a náusea em www.peidos.com, toques para serem descarregadas para telemóvel! Contra isto que pode a escola ou a família fazer?

Wednesday, January 21, 2009

João Villaret :: Isto :: Fernando Pessoa

HOJE LEMBRO-ME DE JOÃO VILLARET

João Villaret deixou-nos subitamente, ainda Alice não era gente. Pelo avô deliciou-se com o público que enchia os teatros para ouvir aquele homem grande, grande cuja voz ecoava ora declamando, ora sussurrando poemas de grandes autores pois que fora dotado de uma voz e um talento que capturava multidões.

Fora com minha mãe,já o artista tinha morrido, ao cinema São Jorge, à hora do almoço, a umas sessões (custavam vinte e cinco tostões, se não me falha a memória)de evocação de João villaret, impensáveis nestes tempos de hoje: um palco enorme, uma cadeira vazia, um holofote sobre essa mesma cadeira e uma magnífico, para a época, som, gentilmente cedido pela Philips. Só...e a sua voz gravada em vinil, na maior parte dos seus espectáculos no São Luiz. Quarenta minutos mágicos, fruidos em profundo silêncio naquela plateia imensa do São Jorge. Quanta emoção, quanta saudade daquele "Menino da sua Mãe" de Fernando Pessoa e tantos outros poemas que eu aprendi a amar depois de o ouvir. Hoje 21 de Janeiro, aniversário da sua morte, não podia deixar de dar aqui o meu testemunho

Tuesday, January 20, 2009

Lágrima de Preta - Manuel Freire

Assisti à tomada de posse de Obama como Presidente dos Estados Unidos. Com esperança? Não acredito em messias. Mas existiram sinais de emoção em tanto rosto humilde, que é de mau gosto dizer que tudo vai continuar na mesma.

AFINAL ONDE ESTÃO?

Afinal onde estão os ricos do BPP, pois a televião repete ad nausea investidores modestos que relamam veementemente o seu dinheiro? A propósito, tenho saudades do comendador Joe Berardo, que ocupava literal e frequentemente os media, falando no seu peculiar anglo-português a propósito do tudo e do nada e que agora que o assunto incide sobre o seu core business - o jogo da bolsa - mantém estranha mudez.

Será que está a procurar, como tantos outros, alguma boa razão para ser ressarcido das perdas, que não devem ser pequenas, sobretudo se pensarmos que ele pediu uns largos milhões de euros à banca para adquirir acções do BCP, quando foi da OPA sobre o BPI, agora que a cotação dessas acções caiu a pique?. Decerto que o seu silêncio não é sinal de impassibilidade.

QUANDO O VENTO SOPRA...

Alice, enrola-se na manta, que o frio viera de supetão e ousado Mas não era o frio
nem a chuva que haviam caído abruptamente que a mantinham ensimesmada, mas sim os
sinais que as crises, como ela gostava de sublinhar, a interna que os mandantes do
momento mascaram de vitória sobre o défice e que, sem aumentar a riqueza do país,
reduzira a classe media a uma quase indigência e os pobres a um futuro sem
horizonte, nem a externa, cujos sinais já não iludem ninguém: desemprego, fome,
desespero, por um tempo que nem os mais cotados economistas se atrevem a prever.
Pois se até os ricos estendem a mão à caridade – caso do BPP – e logo a alcançam,
à custa dos contribuintes, ou se descobre que a fortuna nasce e se multiplica à
custa de falta de escrúpulos, fraudes e compadrios económico-políticos – como parece
ser o caso do BPN.

Sunday, January 18, 2009

Palabras para Julia - Paco Ibañez.

Paco Ibanez esteve em Lisboa na Culturgest. Esgotou, fiquei de fora. Bem feito. Recuperei esta canção sobre um poema de Goytisolo, pura seda das palavras.

apm

Friday, December 26, 2008

ANO NOVO

J. Sebastián Bach. Saludo

Moderno como las olas

antiguo como la mar

siempre nunca diferente

pero nunca siempre igual



Eduardo Chillida, in Preguntas

Bach: Invention No. 1, in C major.

Sunday, December 21, 2008

FOTOPOEMA: NATAL 2008



"Nesta dança de cores e sentimentos,

é a festa da luz, rodízio de ternura,

do azul ao cinzento, forma pura"


foto e poema: apm

Wednesday, December 17, 2008



O Teatro Estúdio Fontenova levou à cena a peça de Bernard-Marie Koltés "A Noite antes de Amanhecer" numa sala improvisada (mas digna) na sede da AERSET. A Graziela, o José Maria continuam, com tenacidade, a tentar fazer o que gostam, em condições difíceis, TEATRO. Desta vez o papel de protagonista foi entregue ao jovem actor Eduardo Dias que tem um desempenho notável na composição de um um ser marginal, um excluído. A seguir com aençao.

Thursday, December 11, 2008

PÚBLICO E NOTÓRIO

Quando é público e notório impensáveis conúbios entre personalidades como Dias Loureiro e Jorge Coelho, destacadas figuras de partidos políticos "rivais"; quando instituições das mais essenciais para a vida económica, como os bancos (Veja-se o caso do BCP e BPN)são dirigidas em proveito dos seus gestores; quando a transumância entre entre a vida política e os empregos de topo em empresa privadas se multiplicam e banalizam; quando a decisão política é opaca no seu fundamento e revelação; quando as instituições democráticas se desprestigiam continuamente aos olhos da opinião pública, do Governo ao Parlamento e o Presidente da República parece que subitamente emudeceu; quando se chega a este ponto e não se vislumbra um significativo e autêntico movimento de regeneração cívica e de ética democrática, então tememos que o país exangue económicamente, débil politicamente e abúlico em termos do exercício da cidadania, não revele forças suficientes para erradicar comportamentos e práticas dignos do mais desavergonhado despudor.

Thursday, December 4, 2008

Wednesday, December 3, 2008

GREVE DOS PROFESSORES: QUE FORÇA É ESTA?



Como foi possível que um governo a que não escasseiam assessores (cujo custo não é escasso…) havia deixado chegar a escola e o ensino à beira de um ataque de nervos com as suas medidas arrogantes, economicistas e de profundo desprezo pelos professores. Equipa ministerial autista e ardilosa, constituirá seguramente no futuro um study case de ciência política de como não se deve conduzir um assunto de Estado, e de como os fracos se podem tornar fortes assentes na união que a humilhação cimenta e potencia.
Recorrendo ao Google – se acaso a lei o permitisse – a agregação dos mails e blogs (já para não falar dos SMS) sobre este Ministério da Educação dar-nos-ia, em termos quantitativos, a dimensão gigantesca da contestação que circula na Net. Hoje em dia pode-se controlar os media, podem-se “adequar” programas de televisão (como pareceu evidente no último “Prós e Contras”), que nada fará parar o imenso tsunami que percorre diariamente as caixas de correio electrónico, numa produção de conteúdos que não tem paralelo com mais nenhum outro acontecimento, do passado ou do presente. Com alguma ironia amarga para um governo que criou como imagem de marca a difusão das novas tecnologias…

QUANDO O VENTO SOPRA…

Não, não era o frio nem a chuva que havia caído abruptamente que a mantinham ensimesmado, mas sim os sinais que as crises, como ele gostava de sublinhar, a interna que os mandantes do momento mascaram de vitória sobre o défice e que, sem aumentar a riqueza do país, reduzira a classe media a uma quase indigência e os pobres a um futuro sem horizonte, nem a externa, cujos sinais já não iludem ninguém: desemprego, fome, desespero, por um tempo que nem os mais cotados economistas se atrevem a prever. (Pois se até os ricos estendem a mão à caridade – caso do BPP – e logo a alcançam, à custa dos contribuintes, ou se descobre que a fortuna nasce e se multiplica à custa de falta de escrúpulos, fraudes e compadrios económico-políticos –como parece ser o caso do BPN)

Saturday, November 22, 2008

VASOS CAPILARES: O PATRIOTA E O BANQUEIRO

Ambrose Bierse escreveu há muitos anos as Fábulas Fantásticas de onde seleccionei, adaptando, esta, que mostra com o sarcasmo próprio do autor,essa horrível comédia que é a promiscuidade entre a política, os negócios e o enriquecimento ilcíto:
"Um Patriota, que entrara pobre ao assumir as suas funções públicas e se cobrira de riquezas, foi a um Banco para abrir uma conta.
-Com todo o prazer- disse o Honesto Banqueiro-Sentimo-nos muito felizes por tratar com Vossa Excelência. Mas antes disso, terá de se tornar um honesto cidadão, devolvendo o que roubou ao Governo.
-Por amor de deus- gritou o Patriota- Se eu fizesse isso, nada me ficaria para depositar no vosso Banco.
-Não sei porquê -replicou o Honesto Banqueiro- Nós não somos todo o povo.
- Ah, compreendo: Em quanto calcula o senhor os prejuízos sofridos por este Banco em relação aos danos que infligi ao meu país?
- Cerca de um Euro- respondeu o Honesto Banqueiro.
E, com toda a dignidade, descontou essa importância no depósito do Patriota, com a consciência de bem servir a Patria.
Patriotas e Banqueiros, como os tempos recentes (e não apenas a Lusoponte, a Mota Engil, o BPN têm mostrado) continuam de mãos dadas...

Thursday, November 20, 2008

Wednesday, November 19, 2008

Wednesday, November 12, 2008

Monday, November 10, 2008

O RESULTADO DA CONCENTRAÇÃO NO PREÇO DA GASOLINA



O preço da gasolina em dois curtos apontamentos:
A DECO veio hoje demonstrar que a nossa gasolina continua a ser das mais caras da Europa, mesmo sem a carga fiscal.
Segundo: A aquisição pela GALP das bombas dos supermercados Carrefour insere-se na mesma lógica de maximização dos lucros: desde essa altura a diferença de preços entre essas bombas e as do Jumbo, que antes andavam praticamente a par, dilatou-se sendo agora (as da GALP)cada vez mais caras. Adeus mercado, adeus concorrência.

PROFESSORES: CONTRA UMA POLÍTICA DIRECCIONADA CONTRA ELES

Primeiro a Ministra fez, no início do seu mandato, em reacção a uma greve dos sindicatos, lock-out. Era um aviso de que esta equipa da educação não olhava a meios, mesmo que de duvidosa legalidade.
Depois congelou a progressão na carreira, prejudicando a generalidade dos docentes.
Em seguida faz aprovar unilateralmente um Estatuto da Carreira Docente (ECD)que dividiu os professores em titulares e não titulares, assente em critérios, em muitos casos, arbitrários e absurdos. No seu cerne as medidas adoptadas prejudicavam sempre os docentes.
Depois inventou um sistema de avaliação escolástico, um novelo burocrático que mergulhou os professores em reuniões sobre reuniões, desgastando-os sem sentido, retirando-lhes tempo para o essencial: a docência.
Depois ficaram muito admirados que os professores viessem espontamente manifestar-se em massa, duas vezes mais de 75% de toda a classe docente deu-se ao trabalho de vir para a rua, a maioria deles pela primeira vez na sua vida.
Pelo meio, muitos milhares, alguns dos melhores, segundo insuspeitos presidentes de Conselhos Executivos das Escolas, aposentaram-se apesar de fortemente penalizados nas suas reformas.
FINAL DA HISTÓRIA: Esta equipa ministerial tem ainda condições para conduzir os destinos da educação? Não. Por isto e por aquilo, há agora a sensação de que "perdidos por cem, perdidos por mil..." Porquê? Falta "confiança", como se demonstrou exuberantemente na megamanifestação do passado Sábado, 8 de Novembro.

ERAM NÃO SEI QUANTOS MIL...


Friday, October 31, 2008

AFINAL O REI IA NU...

Foi decretado o fim do Estado de Bem Estar, que os dinheiros públicos não podiam assegurar, diziam. Iniciou-se uma era de privatizações de empresas públicas, mesmo as que até então eram consideradas estratégicas, mesmo aquelas que geravam lucros consideráveis para o Estado, que o privado agia com mais eficácia e eficiência que o sector público. O mundo assistia, deslumbrado, ao surgimento da economia de mercado.
À medida que se vai conhecendo a dimensão da reengenharia financeira posta em marcha pelos mais “brilhantes espíritos” da Wall Street, assente no egoísmo e na ambição, as escandalosas reformas milionárias auto-atribuídas dos administradores financeiros e os faustosos banquetes das empresas americanas à beira do abismo, é altura de começarem a ser equacionados alguns dos principais dogmas vigentes. A soma de todos os egoísmos não pode gerar o bem comum.

PECADO MORTAL: A GULA

Nunca supuséramos que um ministro do nosso governo, tido por prudente e avisado, arriscasse um quinto das nossas contribuições para o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social na roleta da bolsa, perdendo neste vórtice, entre Janeiro e Setembro, cerca de 250 milhões de euros, nem que os Certificados de Aforro, produto que no imaginário do povo português sempre esteve associado a rentabilidade baixa mas sem risco e que este governo tratou de penalizar- penalizando-se…- reduzindo-lhe os incentivos com o “jogo a meio” e que agora tem vindo a ter rendimento negativo sem que o governo, o mesmo que pôs à disposição dos banqueiros 20 mil milhões de euros, lhe forneça uma palavra de conforto e uma medida correctiva, já que se trata de pessoas que ao Estado depositaram, confiantemente, todas as suas parcas poupanças.

Monday, October 20, 2008

ALBANO: AMIGO MAIOR QUE O PENSAMENTO


Albano Almeida, humilde e solidário. músico e coleccionador, amigo sempre. A sua colecção de instrumentos musicais está agora no Maeds - Museu de Arqueologia e Etnogafia da Assembleia Distrital de Setúbal, onde foi inaugurada no dia 18 de Outubro, com a presença de uma vasto número de convidados e de músicos setubalenses que fizeram questão de dizer presente.
Albano fez uma viva e bem fundamentada visita-guiada à exposição, em especial de instrumentos de cordas. Por fim, à guiza de ilustração, os músicos com quem o Autor mais assiduamente colabora, tocaram e (en)cantaram, que a amizade anda paredes com o talento. E, parece impossível, mas se não tinham obrigação de conhecer o Rui do Cabo na sua nova faceta de guitarrista e fadista, já é indesculpável não conhecer a "Banda do Andarilho", eles que há tanto tempo deliciam e se deliciam com os cantares genuínos do povo português, na senda e so inspiração de Zeca Afonso, de que são profundos admiradores.

Sunday, October 19, 2008

Thursday, October 16, 2008

PAISAGEM URBANA (2)


ESPERAR PARA VER...



O Estado dá garantias aos bancos, de milhões de milhões. Em que condições? Não sabemos. As tropelias financeiras esmagarão a economia? Em linguagem de casino: esperemos para ver (sem grandes ilusões)...

Friday, October 10, 2008

Thursday, October 9, 2008

NO COMENTS: SOBRE(VIVER) EM PORTUGAL


Foto apm

OS TEMPOS ESTÃO SOMBRIOS


Quadro de Toni Puig

Não falam da crise económico-política, sorrateiramente deslocam as suas parcas poupanças para os produtos ou banco do Estado,movem-se como sombras depois de oito anos obsessivos de "défice". Os portugueses perderam há muito a vontade de sorrir.

Monday, October 6, 2008

FOTOPOEMA: NUM SÓ PONTO




Fixava os olhos num só ponto,
E esse ponto quase não se via,
Como que coberto por um manto
De espesso nevoeiro ou fantasia.

Nem a rudeza do vento,
Ou o saber da razão,
Lhe suspende o pensamento.
Pelo menos, por enquanto.


Arindo Pato Mota

CASAMENTO DE HOMOSEXUAIS: PORQUE MUDEI DE OPINIÃO

Foto apm

Confesso que durante anos o preconceito habitou a minha consciência, até que, no exercício da minha actividade de advogado uma cliente me fez mudar de ideias. Reclamava, à luz da lei, com razão, um apartamento propriedade do seu pai, entretanto falecido. Do outro lado, o companheiro com quem o pai vivia há duas dezenas de anos. Cuidara dele - que um cancro ia minando inexoravelmente - extremosamente, até ao fim dos seus dias. Compreendi então que o amor e a afeição não tem de ser necessariamente entre seres do mesmo sexo. Não foi fácil combater preconceitos que alimentaram toda a minha educação. Ainda não é...

A PALAVRA DOS OUTROS: O NOVO OÁSIS

Escreve Luis Marques no Expresso (4/10/2008): "Portugal é um país estranho Tem uma economia aberta, mas vive na ilusão de que os problemas dos outros pouco ou nada nos afectam. É este o nosso oásis. A economia cresce pouco, mas estamos seguros. O crédto malparado sobe, mas não há motivo para preocupações. Os portugueses estão a viver pior, mas não há falências. Este oásis é, na realidade, o nosso deserto."

Saturday, October 4, 2008

AINDA O CASO DA LICENCIATURA DE JOSÉ SÓCRATES

Transcrição de um relatório da ERC (Reguladora da Comunicação Social), audição de José Manuel Fernandes, director do "Público", a propósito de eventuais pressões exercidas pelo PM àcerca das notícias vindas a lume sobre a sua "licenciatura" pela Universidade Independente:
"(O Primeiro-Ministro José Sócrates) fez uma referência subtil ao facto de ter estabelecido uma boa relação com o Engº Paulo Azevedo, o que queria dizer, fiquei com uma boa relação com o seu accionista e vamos lá ver se isso não se altera. (Sublinhados nossos, sem comentários)

PINHEIRO DA CRUZ: BRANCO É GALINHA O PÕE

Foto apmQuando o Ministro anunciou a venda das prisões situadas em grandes centros urbanos e entre elas se encontrava a de Pinheiro da Cruz, na zona rural do concelho de Grândola, saltava à vista que tal inclusão encobria algo pouco transparente. À primeira vista a sua localização era um estorvo aos megaprojectos turísticos da costa alentejana, pois a herdade onde se situa obrigava a uma descontinuidade na frente mar. Para além disso, tinha muito a seu favor: produzia um vinho que granjeara justificado prestígio entre os enófilos e os consumidores, entre outras atracções. Nada temos contra uma decisão assente no estrito interessse nacional. Mas quando a distância mais curta entre dois pontos não é uma linha recta, há que desconfiar... E se nos puséssemos a advinhar: Os compradores do terreno será o grupo Espírito Santo, dono da herdade da Comporta e, sob uma designação ou outra da esmagadora maioria dos projectos turísto-imobiliários da costa alentejana. Vai uma apostinha?

O CAPITALISMO ESTÀ A "REGULAR" BEM?

Foto apm
Depois da tese estapafúrdia do Fim da História da autoria de Fukuyama, após a queda do muro de Berlim, que liquidava definitivamente a questão ideológica, eis que a toda poderosa economia lança de novo questões ideológicas (quiçá, que horror!, o retomar das questões de “esquerda” e “direita”…). Mas, então, quando para minimizar as tropelias do mercado e dos “mercadores” (gestores, executivos, accionistas…) o Estado, acérrimo defensor dos valores do mercado, usa o dinheiro dos contribuintes para tapar a ganância, e/ou a incompetência dos especuladores individuais e institucionais, emprestando, nacionalizando, disponibilizando fartas quantias para tapar os buracos criados pelo “virtuoso” funcionamento do mercado (quando antes arrogantemente desprezaram a pobreza e a exclusão social e guilhotinaram, sem dó nem piedade, a classe média - e não estamos a falar só do que se passa lá fora, mas das políticas que, por mimetismo o nosso governo foi levando a cabo “determinadamente”…) podemos afirmar que estamos todos no mesmo barco e navegamos nas mesmas águas? Ou voltámos, finalmente e de novo, `a política, no seu melhor e mais nobre sentido, estabelecendo paradigmas e permitindo escolhas aos cidadãos?

Wednesday, October 1, 2008

VEJA AS SEMELHANÇAS: QUE TÊM DE COMUM?


Com base numa notícia de "O Público" de 1 de Outubro de 2008-
São Ex-ministros;
- Os dois primeiros (Ferreira do Amaral e Jorge Coelho): um é agora o Presidente da Lusoponte; o segundo é presidente executivo do maior accionista dessa empresa;
- Os Três foram Ministros das Obras Públicas e tutelaram a dita empresa, que explora a Ponte vasco da Gama.

Mais: O terceiro (Murteira Nabo) vai presidir à Comissão Técnica para dirimir uma questão que opõe o Estado à LUSOPONTE.

Moral da História: A "captura" pelas empresas privadas de políticos e reguladores, dotados de informação privilegiada e poder de influência, quando é que vai ser impedida em nome da transparência e da democracia?

Wednesday, September 24, 2008

CRIME SEM CULPADOS




"Mais les autorites devraient comprendre qu’il est temps d’exercer des responsabilites qu’elles n’auraient jamais du abandonner, laissant des elus demunis face a des groupes au pouvoir politique, économique et financier immense."
—Le Monde, January 28, 1997

Recordo esta frase premonitória do Le Monde já em 1997. O Estado mínimo que os neoliberais tanto preconizaram, trespassando de barato para a iniciativa privada os motores da economia sofreu um rude golpe, mas quem está a pagar a crise? (estrutural?...) Os de sempre. O Governo mais liberal e conservador nacionalizou bancos e sociedades de investimento, e não estancou a crise. Os do costume - os mais desfavorecidos- vão viver ainda pior. Alguns, que navegam nestas águas turvas, continuarão a deliciar-se com carros e apartamentos de luxo. Por quanto tempo mais?

Monday, September 22, 2008

FESTA DO AVANTE RECUPERA INÉDITO DE ÁLVARO CUNHAL E HOMENAGEIA AQUILINO RIBEIRO



A Festa do Avante, um evento político que tem mantido uma programação rica e variada, onde a par dos momentos políticos que consagram a actividade de um partido político como o PCP, dá um relevo assinalável às questões de cultura (infelizmente, este ano, a Gala de Ópera que prometia ser um momento notável, na linha das noites do primeiro dia da festa do Avante, desde há 4 ou 5 anos). Assim o relevo cultural vai para uma magnifica edição do romance “Quando os Lobos Uivam”, a pretexto (justíssimo) do achamento de um prefácio inédito de Álvaro Cunhal, “um longo estudo sobe a obra de Aquilino Ribeiro” e enriquecida por 20 notáveis ilustrações originais de João Abel Manta. Justa homenagem a um dos maiores romancistas portugueses de todos os tempos e um dos intelectuais antifascistas que coerentemente combateram o regime de Salazar, que por isso lhe amordaçou a escrita. "Quando os Lobos Uivam" foi proibido, obviamente...

Saturday, September 13, 2008

AVERDADEIRA HISTÓRIA DA TOMADA DO CARVALHAL




Não me foi possível assistir aos restantes espectáculos da X FESTA DO TEATRO, organizada pelo Teatro Estúdio Fontenova (Parabéns Zé Maria e Graziela, pois como canta o poeta “dez anos é muito tempo”). A ESTE- ESTAÇÃO TEATRAL DA BEIRA INTERIOR, trouxe um espectáculo vibrante, satírico, com raízes nas tradições orais beirãs, onde “o gesto, o movimento, a acção e a música dos bombos e do pífaro expressam a força telúrica desta história regional” de repressão e libertação. A brilhante interpretação, numa encenação contida mas suficientemente expressiva, cria uma profunda empatia com o espectador. Um espectáculo a rever e a recomendar vivamente, para além do mais o tema está cada vez mais actual, sob roupagens novas, mais subtis, mas não menos graves de opressão e desigualdade.

Friday, September 12, 2008

UM HOMEM É UM HOMEM: O ELOGIO DO DIMAS


Posição de princípio: não sou a favor da atribuição, a não ser em casos excepcionais, das medalhas da Cidade a pessoas singulares, por muitos motivos, um em destaque: é frequente usado esse acto não para fazer justiça mas para servir outros desígnios menos nobres. Dito isto, digo com todas as letras que os senhores vereadores que pelo seu voto inibiram o popular, humilde e generoso DIMAS de receber a medalha que a maioria CDU havia proposto não exerceram o voto livremente: Obdeceram a outros desígnos que não os do mérito.

Recordo-me do Circulo Cultural de Setúbal, antes do 25 de Abril, de que apresentamos uma fotografia inédita, do trabalho anónimo e colectivo que fez nascer uma escola que dava efectivamente NOVAS OPORTUNIDADES com qualidade e o empenho generoso de tantos setubalenses mais afortunados em termos de educação e ensino que davam gratuitamente aulas intensivas do 1.º Ciclo do Ensino Secundário: lá estava o DIMAS, e o Zeca Afonso e tantos outros que anonimamente ministravam as aulas. Foi aí que o conheci. Como colega e amigo. O seu coração generoso acompanhou-o, mais o seu acordeão. Um e outro proporcionaram muitas alegrias a muita e variada gente durante a sua já longa vida. DIMAS não recebeu a medalha que merecia porque quem lha negou pelo seu voto, não foram dotados nem de um, nem de outro. Cite-se o pensador: "Com homens pequenos, nada de grande se pode realizar".

Tuesday, September 9, 2008

PRIVATIZAR OS LUCROS; PARTILHAR OS PREJUÍZOS

“Nacionalização ou Estatização é o termo dado para a aquisição pelo estado, possivelmente de modo compulsório, de uma empresa privada. Esta passa então a ser uma empresa pública. É uma medida esquerdista.” In WIKIPÉDIA

Mas o que sucedeu no Reino Unido (O quinto maior banco, Nothern Rock, foi apressadamente nacionalizado para não entrar em bancarrota) e agora nos EUA do Presidente Bush, com a nacionalização dos dois gigantes das hipotecas Fannie Mae e Freddie Mac, com o dinheiro dos contribuintes americanos (25 biliões de dólares). Estas empresas emitiram 5 triliões de dólares em dívidas e títulos hipotecários, sendo que mais de 1,5 trilhões de dólares estão na posse de instituições financeiras estrangeiras. Ou seja, as consequências da não intervenção a nível global poderiam ser catastróficas. O curioso é que, desta vez, os nossos violentos críticos das nacionalizações (por exemplo, na Venezuela) encolheram os ombros em jeito de resignação. Ou será que acreditam que é o mercado, a livre iniciativa a funcionar?

O RÁPIDO SUCESSO NO ENSINO: A VERDADE PURA E SIMPLES

-"Esta meu caro Algi, é a verdade pura e simples"
-"A verdade raras vezes é pura e nunca é simples"
Shakespeare

Friday, September 5, 2008

A OESTE NADA DE NOVO: OS ASSALTOS PROSSEGUEM A BOM RITMO

Indiferentes à mudança do tempo, e às tardias medidas do Governo (louve-se a coerência do PGR que desde o início do mandato tem sido coerente e colocado o dedo na ferida)os assaltos e crimes violentos prosseguem a bom ritmo. Enquanto escrevia este post acabavam de ser assaltados uma carrinha de valores e uma agência bancária.

Não posso deixar de manifestar a mnha surpresa pelas declarações de ontem da Judiciária de Leiria, a propósito da detenção em França do presumível homicida do director Geral da cadeia dos Mosqueteiros em Portugal: parece que o caso Maddie não ensinou nada: é que apresentou tanta convicção e pormenores que deixa estupefactos os cidadãos vulgares, para quem a presunção de inocência ainda é norma no direito português.

ANGOLA: DESMINAR A ESPERANÇA



Está a decorrer o processo eleitoral em Angola. "Um desastre" diz a chefe da missão de observadores da UE, lançando um pouco de gasolina sobre um acto de profundo significado para um povo martirizado pela guerra. António Filipe, vice-presidente da AR, desdramatizou a situação e, como outros observadores portugueses, acrescentou um pouco de bom senso. Assim seja: Angola vive um momento de profunda esperança e é rica em matérias primas e tem condições únicas no planalto para ser o celeiro de África. Razões também mais do que suficientes para ser um alvo que queremos falar.privilegiado de urdiduras rapaces, das mais diversas espécies. Agora, contudo, é na ESPERANÇA que devemos acreditar.

Sunday, August 31, 2008

HERDADE DA COMPORTA : OS PARADOXOS DA CRIATIVIDADE



Até ao 25 de Abril os assalariados da grande Herdade da Comporta não tinham, em regra, direito a habitações de terra e cal, a fim de evitar os inerentes direitos de usucapião. Construiram então belas cabanas de colmo, como podemos ver na Carrasqueira. Após a revolução construiram apressadamente, sem pedir licença, apenas com o beneplácito do Poder Local entretanto instituído. Pacientemente os antigos senhores foram tecendo mansamente a sua estratégia. Hoje a Herdade da Comporta é um PIN de vocação turística e os placards "PROPRIEDADE PRIVADA" estão espalhados por todo o lado, mesmo quando o Direito de Servidão o impede legalmente, perante o silêncio do poder local e central. E até a criatividade, engenho e arte do pobre, na construção das cabanas lhes é furtada , servindo agora de chamariz para a atracção dos potenciais investidores imobiliários.

ALERTA: GALP COMPRA POSTOS DE GAZOLINA

Numa operação discreta a GALP adquiriu os postos de gazolina anteriormente pertença da cadeia de supermercados Carrefour(entretanto adquirida pela Sonae). Que estará por detrás desta operação? Necessidade de mais unidades de distribuição? Não é crível pois a sua rede é vasta e densa. Logo a explicação, preocupante para o consumidor, deve ser outra: como estes postos do Carrefour (veja-se o do Fórum Montijo)praticavam um preço bem mais barato que o preço "tabelado" (15 a 20 cêntimos menos, em média, em cada litro de SUPER 95!) não visará esta operação tentar terminar com esta prática lesiva dos seus interesses? Deveremos estar atentos aos preços praticados aí no futuro e se a Galp vai estender esta acção aos postos de preço mais acessível, como os do Jumbo e Intermarché, entre poucos outros!

A PALAVRA DOS OUTROS: RECEITA PARA OBTER SUCESSO

Bela Silva, ceramista, pintora e escultora, à revista "Única" do Expresso:
"(...) Ser conhecido e ter sucesso na arte passa também por outras coisas.A ligação a partidos, à maçonaria, e a lóbis de outras espécies".

Thursday, August 28, 2008

SAUDADES DE LISBOA

Eram poucas as palavras

que usava para falar,

umas vezes, por preguiça,

outras vezes, por ousar.


Mas no dia em que parti,

o Sol parou por instantes

- milagres como só dantes…-

que de espanto pouco vi.


Fui numa vaga de espuma

para o outro lado da vida,

Lisboa que eu troquei

por coisa alguma.


Inédito de arlindo pato mota


Foto apm

PARÁBOLA: O DUQUE E O CARPINTEIRO

Em tempos idos, um poderoso nobre encontrava-se a ler, no seu sumptuoso salão, enquanto no terreiro um carpinteiro ia tranquilamenteafeiçoando uma roda. Inesperadamente, poisando o martelo e o formão, dirige-se ao Duque indagando sobre o livro que estava a ler: "Um livro que contém o pensamento dos Sábios", respondeu aquele, complacente.
"E os Sábios estão vivos?" insistiu o carpinteiro. "Não, já morreram", respondeu o Duque. "Nesse caso, retomou o carpinteiro, o que estais a ler não passa da borra e espuma dos homens desaparecidos".
"Como ousas, carpinteiro, apontar defeitos ao livro que estou a ler? Se conseguires justificar a tua afirmação, poupar-te-ei, caso contrário, morrerás!"- retorquiu o duque, entre o irado e o curioso.
"Como carpinteiro, replicou o homem sem se perturbar, eis como vejo as coisas: Quando faço uma roda, se o golpe é demasiado lento, será profundo; se o o golpe for escessivamente rápido, será firme mas não profundo. O ritmo justo, nem demasiado lento, nem demasiado rápido, só se pode sentir na mão que afeiçoa, se nos vier do coração."
Desconhecemos, por supérfluo, o destino do carpinteiro, mas reencontramos em Saint Exupéry o sentido da parábola: o essencial é invisível para os olhos...

Wednesday, August 27, 2008

RECONHECER O ÓBVIO

O Presidente da República reconheceu hoje, depois da enésima vez em que ouvimos o Secretário Geral da Segurança Interna e o Ministro respectivo invocarem as estatísticas para diminuirem o efeito de pânico que se vai instalando na população, que a situação é grave, que é preciso tomar medidas eficientes.

Curiosamente dois dias depois de ter ocorrido na sua terra natal, Boliqueime, um assalto que pode ter um efeito devastador sobre o turismo algarvio se o turista alemão que foi baleado não recuperar. Ainda há poucas semanas a polícia portuguesa foi ridicularizada nos media internacionais pelo arquivamento (nas circunstâncias em que ocorreu)do caso "Maddie". Há casos em que o silêncio não é de oiro.

É O PETRÓLEO, ESTÚPIDO!

Nas vésperas do começo dos Jogos Olímpicos de Pequim, as tropas da Geórgia entraram na OSSÉTIA DO SUL, após escaramuças não totalmente aclaradas. A Rússia intervém com o pretexto de que iria proteger o seu aliado, onde 80% teriam passaportes russos. Rapidamente toma conta da situação e a Geórgia começa nos meios ocidentais a ser apresentada como vítima.

Os enviados e comentaristas relatam os acontecimentos sob uma perspectiva claramente alinhada com os governantes da Geórgia. Os EUA tomam uma posição claramente dura tentando isolar a Rússia com o beneplácito da União Europeia. As posições continuam a extremar-se, fazendo lembrar os tempos da Guerra Fria. Só que agora, e isso deveria fazer toda a diferença, não se trata de uma questão ideológica, pois os actores pertencem ao campo capitalista. Que os divide? A zona tem aumentado a sua importância estratégica na rota do transporte energético, é isso, como foi no Iraque, como é com o Irão. E assim vai às malvas a teoria expressa por Fukuyama no seu livro "O Fim da História"

Tuesday, August 26, 2008

FOTOPOEMA: PACIENTEMENTE, AS CEGONHAS


Foto Arlindo Pato Mota

"Livres as mãos tonificadas pelo frio e o

orvalho, colhem o entusiasmo das pétalas em

flor, enquanto, por entre o casario

tingido cor de fogo, as cegonhas vão

erguendo, pacientemente, a sua

arquitectura volátil."


In " A Seda das Palavras" (excerto) de Arlindo Mota

METÁFORA: DESABOU UMA ALA NO TRIBUNAL

O tecto falso do Tribunal de Fafe desabou e provocou feridos e um morto. Decididamente a Justiça atravessa um mau bocado.

GOOD NEWS, BED NEWS?

Portugal é o país europeu com menos emissões poluentes emitidas pelos automóveis vendidos em 2007. Porque Portugal se preocupa mais com o ambiente do que os outros países europeus? Porque estamos "no bom caminho" como diz o Xico Ferreira, da Quercus (tomando os desejos por realidade?...)? Ou porque estes veículos são mais baratos? Apostava nesta última. Com as seguintes consequências: Veículos vocacionados para a cidade são em época de crise naturalmente utilizados como familiares. Pouco potentes (ultrapassagens perigosas…), insuficientes em matéria de segurança passiva, estes carros são fortemente penalizados por uma fiscalidade das mais altas da Europa. Tal não ajuda a minorar a nossa posição na tabela de mortes na estrada!

Monday, August 25, 2008

A ÁGUA TEMA DA EXPO 2008

ÁGUA: HARMONIZAR OU AUMENTAR PREÇOS?

Na maior parte dos casos a água é propriedade dos municípios. Com preços diferentes de concelho para concelho, por decisão municipal. Prepara-se, na sombra dos gabinetes, uma alteração significativa do status-quo. Pressente-se e que não vai no sentido da descida dos preços é evidente. E se a mercantilização deste bem precioso e escassso já há muito se fazia sentir, com a presença, em regime de concessão, das grandes empresas multinacionais do sector, desenha-se agora claramente uma estratégia para fazer da água uma mercadoria, onde os grandes interesses privados virão a representar um papel decisivo. Com vantagem para os consumidores? Aguardar para ver, mas o sector da energia não é um bom exemplo...

Sunday, August 24, 2008

NÃO PENSES NUM ELEFANTE (1)

"Don't think of an elephant!" é o título de um livro de George Lakoff, autor americano que analisa com argúcia e empenhamento o modo como os conservadores se foram apoderando daquilo que durante muito tempo constituiu um património da esquerda: o mundo das ideias. Porque os EUA execem o papel que exercem, tanto a nvel militar como cultural e político, neste ano de eleições, vou de quando em vez socorrer-me deste pequeno e famoso livro para ajudar a compreender o que se passa no seio da única superpotência mundial.

Há quarenta anos, dando-se conta, segundo Lakoff, de que para a maioria dos jovens brilhantes do país ser conservador era obsceno, estes decidiram investir fortemente no apoio a instituições de intelectuais (think tanks). Ora bem, nestas últimas décadas, os seus membros (da Fundação Heritage, das Cátedras Olin, o Instituto Olin em Harvard e muitas outras, entretanto criadas) haviam escrito mais livros que as pessoas de esquerda sobre todas as questões importantes. Os conservadores apoiam os seus intelectuais. Criam oportunidades mediáticas. Oitenta por cento dos opinion makers da telvisão pertencem aos think thank conservadores, sublinha o autor.

FOTOPOEMA: REFLEXÃO


Foto de Arlindo Pato Mota

"Quem me guarda o luar

Das investidas do tempo?

Qual o percurso do mar?

Qual o destino do vento?"

Arlindo Mota in "A Seda das Palavras"

Saturday, August 23, 2008

OS NOSSOS FILHOS

Abri o EXPRESSO e lá vem em grande destaque uma notícia que vai ao encontro do que afirmámos no post anterior: "Fosso salarial entre os trabalhadores que entram no mercado e quem já está a trabalhar agrava-se desde 2002". E acrescenta que um licenciado acabado de sair da Universidade, sem experiência, que se torne colaborador dos CTT este ano irá receber de salário base menos 3000 Euros do que receberia nos últimos anos.

O desenvolvimento do artigo vai no mesmo sentido e dá exemplos reveladores da degradação das remunerações das novas gerações.

Thursday, August 21, 2008

A PALAVRA DOS OUTROS: APERTAR O CINTO

Escrevia recentemente, na revista espanhola TIEMPO, a escritora Natível Preciado: "Pela primeira vez, afirmou o MEN francês Kouchner, os europeus não estão optimistas em relação ao futuro e pensam que os nossos filhos viverão pior que eles.Poderia ser mais preciso e ter dito que já vivem pior que nós.Criámo-los mal na ideia do esbanjamento consumista e, agora, vão ter que afrontar os rigores das carências. O mal é que não estão preparados para viver sem excessos (...)

Aos que continuam nadando na abundância , as cinco ou seis centenas de indivíduos que continuam a pertencer ao clube dos mais ricos, as privações não os afectam, mas terão também de se abster de alardear a sua riqueza e, se querem dormir tranquilos, proteger-se cada vez mais atrás de ainda mais barreiras de segurança."

OLÍMPIADAS: DO OURO À LATA


Foto da representação da China na ExpoSaragoça

Frustrados fizeram dos atletas os bombos da festa. O Comandante da Nau, que prometera muitas medalhas, como se isso dependesse dele, arengou que havia falta de profissionalismo, recambiou um atleta para Lisboa que se atrevera a mitigar a sua frustração com uma piada, deu a entender que se demitia, depois corrigindo para "que não se recandidatava", depois da vitória de NELSON ÉVORA(Parabéns e obrigado!)já admite continuar. Medalha de Lata para Vicente de Moura, pois...!

TRAGÉDIA DE MADRID

Ao ouvir o comentário de um comandante da TAP à tragédia que vitimou mais de centena e meia de pessoas (Tragédia de Madrid com um avião da SPANAIR), percebeu-se que algo pode andar mal na aviação civl: na ânsia de reduzir custos poderão algumas companhias estar a descurar a segurança? O piloto falava mesmo em pressões sobre a tripulação de algumas companhias no sentido de "aumentarem a produtividade" (os pilotos fazerem mais horas; precariedade de trabalho, etc.). Ou seja, nada que não vá ao encontro da visão mercantilista da economia e da sociedade que é hoje a ideologia dominante.

Wednesday, August 20, 2008

PORTUGAL AINDA É UM PAÍS DE BRANDOS COSTUMES?

Temos vindo a chamar aqui a atenção para a violência que tem vindo em crescendo. Os governantes, em vez de uma posição proactiva, vêm com conversa anémica e não apresentam soluções. Hoje, na nossa cidade, não aconteceu mais um assalto a um estabelecimento comercial, foi morto em plena Baixa setubalense um comerciante com dois tiros na cabeça, presumivelmente por dois jovens. Que se esconde por detrás deste clima? Violência importada? Guetos sociais e pobreza em tempo de crise? Que ningúem se iluda: Este não é um assunto para ser deixado nas mãos da direita, que o arvorará deleitadamente como bandeira.

A ANGÚSTIA DO GUARDA-REDES DA SELECÇÃO NACIONAL

Ricardo há uns anos garantiu o apuramento para o mundial, mas Baía foi o titular na fase final. Veio Scolari e afastou Baía, o que virou a gente do Norte contra o seleccionador. Ricardo voltou a ser titular e Quim suplente. Veio Carlos Queiroz e Ricardo nem convocado foi.Quim ocupou o seu lugar. Justiça ou pretexto para o seleccionador enviar recados para o exterior? É caso para dizer que a vida não está fácil para os guarda-redes titulares da selecção.

EXPO:SARAGOÇA 2008



Merece uma visita, apesar do calor e do Pavilhão de Portugal não primar pela imaginação. Na linha da EXPO de Lisboa, insere-se numa via de afirmação de uma metrópole urbana, neste caso da Capital de Aragão. Parece-me, contudo, um modelo esgotado: Sevilha foi caso único pela esfuziante alegria que o povo andaluz consegue transmitir, Lisboa, pela revalorização da parte orientsl da cidade. Mas em Saragoça não deixe de visitar EL TUBO o coração da gastronomia e da noite aragonesa...

Friday, August 15, 2008

O OVO DA SERPENTE...

Sobre os já hiper divulgados acontecimentos violentos da Quinta da Fonte, Alice que, entre a multiculturalidade e a integração, prefere esta última, partilha a convicção de que do racismo ao laxismo às vezes vai uma pequena distância que um Estado democrático não se pode permitir deixar transpor; pois um potencia o outro: de facto os cidadãos que pagam os seus impostos e se vêem em situações delicadas, têm dificuldade em compreender algumas das coisas que se têm observado: rendas irrisórias que nem assim são pagas (e alguns inquilinos tinham plasmas quase em todas as divisões da casa!, quando a renda era de 3 ou 4 euros); rendimentos de inserção social com discutível critério, e outras coisas que prefere calar. O ovo da serpente do racismo tem aqui de ser estancado sob perigo de novos e mais violentos conflitos sociais.

Por isso faz-me bem evocar o Quaresma (Alice lembrou-me oprtunamente que o genial futebolista é de origem cigana) que está para ir ter com o Mourinho a Itália. E a Naide Gomes que é um orgulho nacional, e o Nelson Évora, ambos nascidos fora de Portugal, tanto uma como o outro têm dignificado e dignificarão certamente Portugal nos Jogos Olímpicos de Pequim, prestes a começar. E Francis Obikwellu, o veloz emigrante nigeriano, que veio para cá trabalhar nas obras e a quem justamente foi concedida a nacionalidade portuguesa e que, agradecido, lá tem vindo a ganhar medalhas e a fazer tempos de prestígio mundial. E o Bozingwa, o quase intransponível defesa direito da selecção nacional. Isto sim tem a ver com o Portugal a que me orgulho de pertencer, amável, solidário, que elege os seus ídolos independentemente da raça, credo ou filiação partidária.

ALICE NO PAÍS DAS PROVIDÊNCIAS CAUTELARES

Alice, por imperativo do calendário ( e falta de dinheiro), fez férias do défice e da crise, e anda super maravilhada com os progressos que tem feito no intrincado mundo do Direito. É facto que os diversos operadores de justiça (como é agora uso designarem-se os juízes, procuradores, advogados…) se apoderaram avidamente dos media (mesmo quando o recato e pudor, para não falar já nos códigos deontológicos respectivos, aconselhariam o contrário), mas é com um orgulho irreprimível que assiste ao actual e elevadíssimo grau de literacia da opinião pública portuguesa: providências cautelares, segredo de justiça, regulação do poder paternal, represtinação de leis, etc, etc.

É verdade que Portugal não atingiu ainda o grau de sofisticação da Itália, onde Berlusconi, democraticamente (!), fez aprovar uma lei que torna imunes à Justiça os governantes enquanto desempenharem os cargos para que foram eleitos. Quando tal leu, Alice viu imediatamente acender-se “uma pequena luz bruxuleante” (nas palavras do poeta) no espírito do major Valentim Loureiro, Pinto da Costa, Fátima Felgueiras, Ex-Administradores do BCP e demais demandados pela justiça portuguesa. Aliás, é eloquente o que a história recente de Portugal nos diz a esse respeito: Vale e Azevedo enquanto foi presidente do Benfica (e todos sabemos que tal cargo é, seguramente, equiparado, simbolicamente pelo menos, a ministro) teve algum problema com a Justiça? Não, mas mal saiu do cargo foi detido e ainda anda agora, sediado em Londres, está sujeito a um mandato internacional de detenção.

Mas há uma figura que lhe caiu no goto: o presidente do Conselho Justiça, Dr. Gonçalves Pereira, também vereador em Gondomar, onde Valentim Loureiro é Presidente da Câmara, e cujo clube da terra está acusado de coisas menos próprias, dono de um invejável código ético, não encontrou qualquer incompatibilidade em participar no órgão colegial que coordena e ademais, percebendo que os seus pares tinham um sentido de voto contrário ao seu, não foi de modas e deu abruptamente por encerrada a sessão, criando um imbróglio jurídico que levou ao chamamento do Prof. Freitas do Amaral para dirimir o conflito.

ALEGORIA



Escultura de RIK POT (Exposição em Bruges)

O LADO SOLAR DAS ESTATÍSTICAS

Alice pensa à sua medida: oriunda da classe média trabalhadora, tenta perceber como é que o seu orçamento nos últimos anos tende inapelavelmente para o desequilíbrio: o emprego do marido substituído por um instável trabalho temporário, a casa que “alugara” ao banco e cujos juros não param de aumentar, o IMI, que os governantes introduziram sem medir as consequências do agravamento em que se traduziu, sobretudo para os casais mais jovens ...
Entretanto, o filho chegou e ela prestava-se para lhe servir o almoço, um guisado que o adolescente apreciava particularmente, quando reparou melhor na sua face alterada, sinal de que algo de grave se passara: Fora uma vez mais assaltado, em pleno dia, quando vinha do liceu para casa, tendo-lhe sido levado o telemóvel e um banal reprodutor de mp3. Alice, após consolar o filho, pela primeira vez meditou seriamente se a onda de assaltos que um pouco por toda a cidade se havia multiplicado tinha correspondência nas estatísticas, pois começava a não haver familiar, vizinho ou conhecido que não tivesse sido vítima, pelo menos uma vez, de um crime contra a propriedade, por vezes pondo-lhes em perigo a própria integridade física. Será que a sociedade desigual, hedonista e insolidária que criámos estará em condições para suportar as presentes e (futuras?) adversidades económicas que se constatam ou vislumbram? Ou o osso buco da ementa doméstica daquele dia corresponderá à metáfora de uma sociedade globalizada que se impôs ao mundo, parca de valores e de ética, indiferente às desigualdades sociais?

E SE PARÁSSEMOS PARA PENSAR UM POUCO?

Ouve-se cada vez com mais insistência que a classe média está a empobrecer e os pobres a cair na indigência. Isabel Jonet, directora do Banco Alimentar Contra a Fome, veio afirmar, recentemente, que antigos dadores são agora envergonhados utentes daquela instituição. O presidente da Caritas, o nosso conterrâneo Eugénio da Fonseca, mostrou publicamente a sua preocupação com o aumento da pobreza. Até alguns economistas - de tendência liberal - começam a ficar preocupados com o fosso cada vez maior ente ricos e pobres, o aumento crescente do desemprego, a degradação acentuada dos salários dos trabalhadores, o campear do emprego “selvagem”, sem contratos nem segurança social, enquanto, sem pudor, se vão acumulando fortunas com base em actos de duvidosa proveniência ou de ética pouco recomendável.

GAUDI: ARTE DIVINA; SANTO NÃO

TIA DA ALICE TENTA RECUPERAR A VISÃO

Vamos aos factos: a tia da Alice, senhora de 68 anos, veio do oftalmologista (particular...) com o diagnóstico que confirmara as suas queixas: estava afectada por cataratas, “nada que não tivesse cura”, acrescentara o clínico. Dirigiu-se então à sua médica de família e ficou a saber que as consultas de especialidade estavam com um atraso de longos meses e as intervenções cirúrgicas do Serviço Nacional de Saúde demoravam ainda mais.
Não sabia que fazer. O médico particular, atencioso, falou-lhe em qualquer coisa como 2000 euros, por uma vista. Era incomportável para a sua magra pensão. Alice recordou-se de que algumas autarquias haviam feito acordos com Cuba, onde por menos dinheiro se deslocavam de avião, eram operadas e estavam quinze dias na ilha de Fidel a recuperar da visão. Soube também que o Hospital Distrital do Barreiro, que vira engrossar em mais 616 novas propostas cirúrgicas de cataratas, contratara um cirurgião espanhol de Badajoz que, numa semana, realizara mais cirurgias que o hospital em todo o ano de 2007, por um terço do preço do praticado pelos cirurgiões portugueses. E com o desassombro que se reconhece a nuestros hermanos teria afirmado que “a medicina portuguesa estava neste particular desactualizada” perante a afirmação defensiva de um representante da Ordem dos Médicos, indignado pelo chamamento dos colegas espanhóis!
O povo tem razão: Não há pior cego que aquele que não quer ver…
Enquanto isso, há milhares de portugueses que mergulharam definitivamente na escuridão pela miopia de uns, a ganância de outros, a incompetência de todos.

Sunday, August 3, 2008

ENSINO: UMA ESPÉCIE DE ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA

Quando as manifestações começaram a suceder um pouco por todo o lado, Alice percebeu a sua verdadeira essência: mais do que uma revolta, era a expressão de um grito de alma, um dizer basta, um chumbo a uma ministra e a um governo que os vinham tratando como indignos e incapazes. Finalmente compreenderam que estavam a salvo: poderiam não conseguir alterar grande coisa, mas, como a personagem do Chefe, do célebre filme “Voando sobre um Ninho de Cucos” de Milos Forman, conseguissem ou não, haviam tentado. Pois só assim se pode recuperar a dignidade ferida. E, com ela, a paz interior.

Saturday, February 16, 2008

O PENSAMENTO DOS OUTROS: ANTÓNIO SÉRGIO

"Pressinto – ó irmão mais novo e aventureiro! – a viagem de descobrimento que tentarás. Sejas tu feliz na tua audácia: inspire-te a profundeza das águas límpidas, possas levar teu barco onde eu não fui! Que nada te imobilize nem detenha; nada: nem mesmo as tuas mesmas conclusões. Lembra-te de que a característica da Razão humana é o pleno à-vontade e o sorriso cândido diante das próprias coisas que ela faz, diante dos próprios rumos que ela traça, - pois sabe-se que a inteligência se não esgota em nenhuma das obras que produz; que ela a si mesma se não adora, mas sim que se observa e que se corrige, que desconfia de si e que ironiza, resignada a ressentir o mesmo anseio e a interrogar de novo o mar e os astros, - pronta a repassar, de velas côncovas, pela monotonia desolada das mesmas desoladas solidões...
Se és dos seus filhos, larga pois: a rosa dos ventos desabrocha as pétalas, rumos triunfais se abrirão para ti. Desmodorra, zarpa, arranca, dispara pelo azul o voo rápido, galga por sobre a onda... e sê libérrimo. Sim: um espírito livre. Não digo que o faças como um romântico, e posturando para ti como um herói: e sim que o sejas humildemente, concentrado, cheio de sensatez e senhor de ti: mas sempre pesquisador, sempre avançando, - e sempre livre.”

Friday, February 15, 2008

FOTOPOEMA: NUMA PALAVRA

Foto de JAL

TEMPO DE PARTIDA: LUIS RALHA



Luis Ralha. Pintor. Homem de convicções e postura amena, que não menor firmeza. Deixou-nos no dia 6 de Fevereiro de 2008. Fica esta imagem da última intervenção do Mestre em coperação com professores e centenas de alunos no âmbito do projecto internacional pela Paz "Kids Guernica", organizado pela AMRS, no jardim do Bonfim em Setúbal. Um abraço eterno. arlindo mota

CERTIFICADOS DE AFORRO: TIRAR AOS POBRES...

Alice e os pais, pequenos aforradores, face às perspectivas apocalípticas sobre a diminuição das reformas e os encargos com o ensino dos filhos, haviam investido em certificados de aforro as suas parcas poupanças. Eis senão quando o Estado resolve, de uma penada, diminuir, com carácter retroactivo, os juros com que se havia comprometido. Será possível um Estado democrático mudar as regras do jogo a meio do mesmo pela calada de um decreto-lei? Se não violar mais nada pelo menos viola-se a si próprio – indigna-se Alice - descredibilizando-se e penalizando uma vez mais os mais débeis economicamente. Veio-lhe então à cabeça se este gesto do Ministério das Finanças não teria sido guiado pela intenção de canalizar para os bancos, em resultado da instável situação bolsista e dinheiro mal aplicado, pois que estariam com dificuldades de liquidez. Ou seja, ajudar mais uma vez o tão proclamado e virtuoso mercado…

Monday, January 21, 2008

FORMAS DE OLHAR: A ESCULTURA DE CELESTINO MOREIRA


Olhar que pára, caminhando campos verdes, que apalpa cada forma caída pelo chão dormindo sono eterno e o devolve à vida transformando-a noutra, nascida dum desejo: troncos, raízes, braços erguidos feitos pássaros ou doces ninfas,
a terra, de novo a palpitar em cada forma.

Antonieta Vilhena

Na Biblioteca Municipal de Palmela mais uma exposição de CELESTINO MOREIRA, escultor que aprendeu ao caminhar entre montanhas o valor das formas e aí para sempre se prendeu. O canivete passou a ter novas funções e a caminhada outros encantos. Mais tarde, já feitos os setenta, frequentou durante dois anos uma oficina de mármore em Pero Pinheiro. O escultor descobria novos materiais e novas alegrias. Escultor e poetisa (marido e mulher) exemplos humanos de amizade e talento de que Setúbal se deve orgulhar. Arlindo Mota

ALICE, IMPREVISTAMENTE, COROU!

Alice, nesta semana húmida de Janeiro, em que os hospitais se encheram de gripes desfasadas no tempo, debate-se com a falta de acontecimentos novos, enfim de falta de assunto. Durante as Festas ainda se encontrava aquela receita de peru, o cantar das Janeiras ou a divulgação de uma “nobre” tradição de uma aldeia portuguesa que iniciavam os miúdos a fumar com tenra idade, uma vez por ano... Mas nesta semana em que em que o mês vai a meio, falar do quê, do caso político-imoral do BCP (todos os jornais falaram); da política de saúde (mas isso até o Presidente da República usou na mensagem de ano novo); do inefável chefe da ASAE a fumar charuto na passagem do ano no Casino Estoril, dia em que entrava em vigor a lei anti-tabágica de que a instituição que dirige é uma das fiscalizadoras; do referendo ao Tratado Europeu que o actual primeiro-ministro se comprometera a referendar (mas então as pessoas não viam que o actual tratado não era igual à defunta Constituição Europeia que, essa sim, fora objecto de promessa; além de que, como afirmaram algumas vozes, referendar um texto tão hermético, o povo ia lá entender isso...) Sobre o inevitável Vara ir para Vice-Presidente do BCP então nem era bom falar (se ele fora proposto é porque tinha currículo...) Para não falar da escolha de Alcochete para localização do futuro Aeroporto de Lisboa, apesar dos milhões gastos em estudos para justificar a OTA e as histórico-anedóticas intervenções do ministro Mário Lino... Ou a guilhotina sobre os pequenos partidos e movimentos de cidadãos, com a aprovação de uma Lei das Autarquias Locais que viola claramente o princípio da representação proporcional...
Assim, sem assunto, Alice teve tempo para dar uma vista de olhos pelo Código de Ética dos Empresários e Gestores Cristãos pois algumas dúvidas axiológicas lhe haviam suscitado os actos protagonizados pelos gestores do BCP que, a ser verdade a sua nunca desmentida ligação à Opus Dei, deveriam agir pelos valores desta cartilha.
Lendo com atenção o dito documento, estranhamente parecia ter sido elaborado depois de serem conhecidos alguns dos perturbadores factos que ultimamente vieram a lume no maior banco privado português, o que como sabemos não é verdade, mas lá que parece, parece... Senão vejamos, a título de exemplo, duas ou três prescrições: “Deve evitar-se todas as formas de abuso de poder, bem como o seu aproveitamento para benefício pessoal, de familiares ou de outras entidades exteriores à empresa”
“Cumprir com respeito as leis do país”
Respeitar os sãos princípios da economia de mercado, na compra e ou venda,, como nos investimentos a realizar, evitando todas as práticas que tendam a falsear o processo económico” etc...;
Obviamente que Alice também não se surpreendeu quando veio a lume o acordo de rescisão do ex-presidente do BCP, Paulo Teixeira Pinto: 2 milhões de contos (a pronto) e um ordenado mensal (de modo vitalício) a título de reforma no valor de mais de 8 000 contos por mês, conforme divulgou o insuspeito Semanário Económico. Não se surpreendeu, mas lá que corou, corou!

Sunday, January 6, 2008

LUIZ PACHECO: PORQUE SAÚDO A MANHÃ...


Encontrámo-nos meia dúzia de vezes, separados pelo tempo e pela geografia: primeiro na "Estampa", nos finais da década de 60, quando integrava a equipa dos amigos Manso Pinheiro que haviam adquirido a editora e Luiz Pacheco era um dos seus autores. Mais tarde em Setúbal, nos idos de 80, já o tempo havia cavado fundo na energia e capacidade criativa de LP, mesmo assim sempre de língua afiada para os que arvoravam a hipocrisia como sua matriz. Depois fui acompanhando as entrevistas que foram sendo publicadas e que eram a sua "prova de vida". Viveu o tempo suficiente para saber que o seu talento fora reconhecido. Morreu hoje: Com ele morreu muito do pouco que resta de uma certa maneira de fazer literatura, de que terá sido o seu principal representante , em que a vida se confundia com a própria arte da escrita. Até sempre Luiz Pacheco. apm

"Ora deixem-me que lhes diga: um cadáver não nunca tem terá razão, mesmo que a tivesse tido antes. Um estúpido um cobardola é para rir e chorar, porque a estupidez e o medo não têm medida. Um patareco dá-se-lhe um pontapé no cu, um parasita esborracha-se por nojo e a um folião fazemos notar que não lhe achamos graça nenhuma. E fugi dos trustados e falhados que é a malta mais tratante e castradora que existe. Mas um bebé! uma rapariga com um filho ao colo! os bambinos em volta! são os bichos mais exigentes e precisados de tudo. E há que lhes dar tudo. Eis, senhores, porque saúdo a manhã e faço gosto em a ver inda uma vez, eis porque a pardalada me incita. (...) Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sereis, se as praticardes." Luiz Pacheco in A COMUNIDADE

Friday, January 4, 2008

PENSAMENTOS DOS OUTROS: MARCO AURÉLIO

"Venera a faculdade de emitir opiniões. (...) É ela que garante a ausência de precipitação, as boas relações com os homens e o acordo dos Deuses."
"Recorda-te que cada um só vive o presente, este infinitamente pequeno. O resto, ou já se viveu ou é incerto. Mínimo é pois o instante que cada um vive, mínimo o canto onde vive, mínima também a máxima das glórias póstumas. Estas devem-se apenas à sucessão destes pigmeus que mal nscem morrem, sem se conhecerem a si próprios, bem longe pois de conhecerem alguém morto há muito tempo."
Marco Aurélio "PENSAMENTOS PARA MIM PRÓPRIO"

Sunday, December 30, 2007

BOM ANO NOVO

Foto: Arlindo Pato Mota. Paris. Junto à Gare Saint Lazàre

"A vida e a morte é privilégio dos deuses, a hora e a companhia é desígnio dos homens" apm

A ASAE E O BOM SENSO

Depois de ler a entrevista do presidente da ASAE ao semanário SOL, onde repetiu os argumentos já expressos noutros meios de comunicação, não pude deixar de ficar apreensivo: 700 a 800 normativos para fazer cumprir significa outros tantos normativos para serem entendidos. De um supetão, sem pedagogia (quer pela complexidade da tarefa, quer pela consabida falta de preparação de alguns dos operadores económicos), insensível às consequências (o desemprego de milhares de pessoas, já das mais desprotegidas da sociedade). Certamente que a ASAE estava também na mira de Pacheco Pereira quando adverte para um "fascismo higiénico". É certo que alguma coisa havia a fazer em certos sectores no domínio da higiene, mas depressa o que ficou associado à entidade fiscalizadora foi a gula mediática, o cerco aos pequenos, ao caseiro, aos segredos das nossas avós na culinária.
Temo bem que, com justeza, se lhe aplique a célebre máxima cartesiana, prenhe de ironia: "O bom senso é a coisa que, no mundo, está melhor distribuída (...) pois os mais difíceis de contentar em todas as outras coisas não parecem desejar mais do que o que têm." (Citado de cor)

Saturday, December 29, 2007

TRATADO DE TORDESILHAS TORNADO PÚBLICO

Governo com acordo de accionistas "nomeia" para a administração do maior banco privado (O BCP) conhecidos militantes do PS, entre os quais Armando Vara, basto conhecido e não pelas melhores razões. O Presidente do PSD protesta e exige em troca a presidência da Caixa Geral de Depósitos. Concedido: é Faria de Oliveira, "conhecido pela sua competência" diz o ministro das Finanças. Por coincidência militante do PSD.
Sem saber o que dizer de tudo isto, cito, parafraseando, Rabelais: "Política sem consciência não é mais do que a ruína de alma".

Friday, December 28, 2007

EVOCAÇÃO DE ALBERTO DE LACERDA

Alberto Lacerda foi um dos fundadores da revista Távola Redonda, com Ruy Cinatti e David Mourão Ferreira. Deixou-nos este ano. Exilou-se voluntariamente em Londres e aí faleceu com 78 anos. Evocamo-lo aqui com um extracto de um poema (ANO NOVO retirado do seu livro Exílio) que seleccionáramos para a publicação Intervalo da CPA dos Liceus em 1965. apm

Virás de manto realmente novo
Entre searas ardentes e mãos puras?
Poderemos enfim chamar-te novo,
Ano novo entre as tuas criaturas?(...)

Ó ano novo, a minha esperança é cega.
Transforma em luz a nossa própria treva.

Alberto de Lacerda in Exílio

FOTOPOEMA: TEMPO DE PARTIDA

Foto: Arlindo Pato Mota

A terra é fresca, entumecida,
O fruto escasseia ou está ausente,
Aproxima-se o tempo da partida.

Arlindo Mota in A Seda das Palavras

INSTALAÇÃO VIRTUAL: PAISAGEM URBANA

Projecto fotográfico de Arlindo Pato Mota